É um enorme prazer apresentar o primeiro Amigo do Mês natural do Níger, que se tornou o 22º país a aderir à EPI, em Dezembro de 2022. Samaila Sahailou, Director-Geral da Fauna, Caça e Áreas Protegidas, a principal autoridade responsável pela da vida selvagem do Níger.
Conte-nos um pouco sobre si – se cresceu no campo ou na cidade e se sempre teve paixão pela conservação?
Venho de uma família rural, na região de Maradi, no sul do Níger. O meu pai era comerciante e minha mãe trabalhava em casa. Perdi o meu pai aos nove anos, e foi quando o meu tio acolheu-me e sustentou-me durante os anos que frequentei a escola. Em 1985, matriculei-me na escola florestal nos subúrbios da capital Niamey. Foi assim que começou a minha paixão pela conservação da natureza.
A nível profissional, trabalhei nos principais cargos ligados à conservação da vida selvagem no Níger, incluindo 8 anos no W Park. Como Director Nacional de Vida Selvagem, Caça e Áreas Protegidas, lançamos várias iniciativas, incluindo uma rede de vigilância comunitária para monitorizar as girafas do Níger e as melhorias <em relação as patrulhas, as instalações turísticas e as relações com a comunidade no W Park.
Qual é a situação dos elefantes no Níger hoje e quais são as maiores ameaças enfrentadas pelos elefantes?
A população de elefantes permanece confinada ao complexo dos parques W, Arly, Pendjari (WAP) partilhado entre três países: Níger, República do Benim e Burkina Faso. Em 2019, estimamos que a população total de elefantes neste ecossistema era de 3.239, dos quais 492 foram registados no Níger.
As ameaças e pressões enfrentadas pelos elefantes no Níger são principalmente a persistência da insegurança nos parques WAP, que limita a nossa capacidade de patrulhamento. Outros desafios são o conflito homem-elefante que causa danos às colheitas, a caça furtiva de marfim, fragmentação do habitat, o desmatamento e incêndios florestais.
Continua optimista quanto a sobrevivência dos elefantes no Níger?
Sim, estou bastante optimista, pois contamos com o empenho e apoio das mais altas autoridades na conservação desta espécie emblemática. No final de 2022 o Presidente da República, no seu pronunciamento em Zinder, transmitiu uma forte mensagem contra o crime contra a vida selvagem. E a decisão do Níger em aderir à EPI é mais uma prova disso.
Por favor, conte-nos um pouco mais sobre o conflito homem-elefante no Níger.
Este é um grande problema em toda a África e apresentado com destaque no primeiro Congresso Africano sobre Áreas Protegidas (APAC) realizado em Kigali em Julho de 2022. Existem várias soluções, incluindo o fortalecimento do envolvimento das comunidades, com o aumento das suas actividades geradoras de renda, fortalecendo a capacidade de intervenção dos guardas-florestais e a melhorar a protecção das propriedades e das culturas.
Os seus compatriotas no Níger enfrentam muitos desafios nos seus afazeres diários – eles têm tempo para pensar sobre a conservação da natureza?
Há muitos sinais de que as pessoas no Níger estão engajadas na conservação da natureza. As pessoas voluntariamente denunciam as actividades ilegais e partilhar informações. Os agricultores que vivem em áreas protegidas se unem para formar associações dedicadas à preservação da biodiversidade.
Samaila Sahailou (esquerda) e Elefante no W National Park, Níger (direita).
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