Este mês, o nosso amigo do mês é Patrick Egwu, um conservacionista apaixonado e a força motriz da Rede de Conservação da África Ocidental (WACN). Patrick e a sua equipa conseguiram um acordo com o Serviço de Parques Nacionais da Nigéria para apoiar a gestão do Parque Nacional do Lago Kainji, localizado no Estado do Níger, perto da fronteira com a República do Benim. Esta parceria marca um novo capítulo na preservação de um dos ecossistemas mais vitais da África Ocidental, onde vivem alguns dos últimos leões da região e um corredor crítico para os elefantes que ocasionalmente migram do Benim. Numa paisagem em que a atividade humana ameaça cada vez mais os habitats da vida selvagem, esta iniciativa oferece um vislumbre de esperança. O parque não é apenas um santuário para espécies ameaçadas, mas também um símbolo do que os esforços de conservação dedicados podem alcançar.
Do negócio dos táxis para a natureza selvagem, como é que encontrou o seu caminho para a conservação da vida selvagem?
A minha paixão pela vida selvagem começou na infância Durante os anos em que vivi em Owerri, na Nigéria, com os meus pais, o meu pai levava-nos frequentemente ao jardim zoológico local de Nekede, o que despertou o meu fascínio precoce pelos animais Para além destas visitas, cresci a ouvir histórias cativantes dos meus pais, avós e amigos da família sobre os seus encontros com a vida selvagem na Nigéria Tendo nascido na década de 1940 e crescido nas décadas de 1950 e 1960, os meus pais viveram uma época em que a população da Nigéria era significativamente mais pequena e em que os vastos espaços selvagens permaneciam intactos Consequentemente, os encontros com a vida selvagem eram muito mais comuns, quer nas zonas rurais quer ao longo das auto-estradas As suas histórias pintaram um quadro de uma era diferente, em que a natureza e a vida humana estavam mais intimamente ligadas Estas primeiras influências moldaram o meu profundo apreço pela vida selvagem e acabaram por me conduzir ao caminho da conservação.
Mergulhando diretamente no seu trabalho com a Rede de Conservação da África Ocidental, explique por favor o acordo que assinou com os Parques Nacionais da Nigéria.
Em 27 de outubro de 2023, a Rede de Conservação da África Ocidental (WACN) assinou um acordo de cogestão de 31 anos com o Serviço de Parques Nacionais da Nigéria para apoiar a restauração e o desenvolvimento do Parque Nacional do Lago Kainji Esta parceria representa um compromisso a longo prazo para revitalizar os ecossistemas do parque e garantir a sua sustentabilidade Ao abrigo deste acordo, a WACN e o Serviço Nacional de Parques trabalharão em colaboração para transformar o Parque Nacional do Lago Kainji numa área de conservação próspera A nossa visão comum consiste em aumentar as populações de animais selvagens, reforçar os esforços de conservação e transformar o parque numa área protegida economicamente autossustentável Através da implementação de práticas de gestão estratégica e da promoção do envolvimento da comunidade, pretendemos restaurar a integridade ecológica do parque e estabelecê-lo como um modelo de sucesso de conservação na África Ocidental.
Qual é exatamente a situação no Lago Kainji?
Infelizmente, a situação no Lago Kainji é atualmente bastante difícil. O parque está a enfrentar problemas de segurança devido à presença de bandidos armados dentro dos seus limites. Esta questão de segurança tornou-se o principal obstáculo aos nossos esforços de conservação nesta fase. Estamos a trabalhar ativamente para resolver esta situação, mas, por enquanto, continua a ser o desafio mais premente.
E os leões? E os elefantes?
Estamos optimistas quanto à presença contínua de leões no parque, com base nos relatórios do Serviço Nacional de Parques (NPS) e das comunidades vizinhas. Os nossos planos incluem a instalação de armadilhas fotográficas e, eventualmente, a colocação de coleiras nos leões para monitorizar melhor os seus movimentos e saúde. No entanto, estes esforços dependem, em primeiro lugar, da resolução da atual situação de segurança. Quanto aos elefantes, existe uma pequena população não residente que frequenta o parque. Embora a sua presença seja irregular, temos esperança de que, com as intervenções corretas, possamos criar condições para apoiar uma população de elefantes mais estável no futuro.
Manadas de kob de Buffon (Kobus kob kob) no Parque Nacional do Lago Kainji, Nigéria Crédito da fotografia: © Abubakar Ringim
De que formas práticas pode a Rede de Conservação da África Ocidental ajudar nesta situação?
A WACN está preparada para desempenhar um papel fundamental na resolução dos desafios do Lago Kainji Desde a assinatura do nosso Memorando de Entendimento, temos vindo a cultivar parcerias estratégicas que contribuirão significativamente para os nossos objectivos de conservação A nossa abordagem é multifacetada:
Angariação de fundos Estamos a trabalhar para garantir recursos financeiros substanciais para apoiar os programas de reabilitação e conservação do parque
Abordar a segurança Estamos ativamente empenhados em enfrentar os actuais desafios de segurança que dificultam o trabalho de conservação
Melhoria das infra-estruturas Planeamos melhorar as infra-estruturas do parque, que são cruciais tanto para os esforços de conservação como para facilitar o ecoturismo sustentável
Monitorização e reintrodução da vida selvagem Avaliaremos quais as espécies que permanecem atualmente no parque e exploraremos oportunidades para a reintrodução de espécies, quando apropriado
Promoção do Ecoturismo A revitalização do ecoturismo na região não só contribuirá para a economia local, como também aumentará a consciencialização sobre a importância da conservação
Embora estas sejam apenas algumas das nossas iniciativas planeadas, ainda estamos no início do processo e há muito mais em preparação Estamos empenhados em causar um impacto significativo no Lago Kainji e esperamos partilhar informações actualizadas à medida que forem feitos progressos
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